sábado, 16 de junho de 2012

Espírito, Energia, Força inalcansável -> (ou) (d) sentido particular não comunicável

Amor e desenho estão juntos no que se refere a decifração de certo enigma interior. Há um traçado invisível (a meu ver, diferente do Destino), um esboço do mapa que contem a trilha correta rumo ao que desejamos, Desejamos, mas percebemos não nos recordar. A vontade, senão é Paixão é o contrato que assinamos com certa parte da consciência que, mesmo receosa ou medrosa pelo não-se-sabe-o-quê, pensa ser menos desconfortável tentar. Assim como os meios, a busca pelo enigma não será respondida por Leis Físicas ou equações complexas. Nenhum número e nem uma só palavra para a Realização. A construção do processo parece espantosamente proveitosa. A inconsciência banha-se no porvir incolor, inodoro, mudo, invisível, atonal. E, por isso mesmo, o prazer, a degustação pontilhada (nos parece ser) vislumbre tão adorável (no fundo) de si, um espelho.

sábado, 15 de outubro de 2011

Morte

do Lat. morte - s. f., acto de morrer;fim da vida animal ou vegetal;termo de existência; acabamento; fim; homicídio; a pena capital; fig - destruição; perda; causa de ruína; poét-entidade imaginária que ceifa a vida.
http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx



Alfa e Ômega se descompassam e espatifam em um segundo. Mas isso não significa morrer. Como também respirar a cada momento ou cessar completamente um dia não o é.
(Não que alguém próximo tenha morrido senão uma velha Anne)

A vida é feita de momentos tais que, como espiral, não repete a localização do ponto, isto é, só temos uma chance na vida. Por mais que visite um mesmo lugar a fim de reparar uma atitude, será outra hora, outro tempo, e isso é perda. Contabilizando que perdaequivale a morte, cada letra não lida, cada pedra deixada para trás, cada gota de uma cachoeira, nada disso volta. Não porque você quer. Então devemos aproveitar o dia (carpe diem).
Também enlouquece a vida estática, a ansiedade, arrependimento e o medo de ser você mesmo. Isso ocasiona perda. Por que morrer em detrimento de sua felicidade?E tudo pode se espatifar em um instante. Nele, o início e o fim se cruzam e deixam de ser. Prazer momentâneo, sem vergonha o culpa. Que aflore a infantilidade, espontaneidade e o que for!É o que precisamos. Todos. Não eu ou você. Todos.

Então liberdade é reviver. E, para que o novo (re)viva, o velho deve morrer.
Vamos correr pelas ruas feito crianças.
Vamos dançar desengonçados.
E vamos beber dessa fonte para sempre...

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*publicado originalmente como derradeiro post no blog Lógicas Emocionais: http://logicasemocionais.blogspot.com/ numa quinta feira, 26 de fevereiro de 2009.

sábado, 30 de abril de 2011

das três (grandes) luas ou sobre as minhas grandes descobertas

(i) nova.
de um vazio etéreo
dum preenchimento
carnal.
Pensai que é tudo...

mas

(a) crescente
um quarto vedado
como as janelas encrustradas no
[rosto.
Arroubo.
Tudo (o) que quiseres será atendido.

Cheia,
plena em estar
no alto do eu - você
parede: alvenaria que se rompe
e que, ainda assim, acorrenta.

E míngua; nubla tanto quanto
for us - somos nós: torpor,
horror e quase tudo.

sábado, 24 de abril de 2010

Impressões sobre um Segredo Sincero








*Como se eu tivesse quarenta anos, fui sozinha deliciar-me ouvindo Leila Pinheiro (uma das coisas da minha infância). Amei.


** Cuidado: Esse blog
não é sobre técnica, portanto, isso não é uma resenha: trata-se das sensações de uma proscrita.

***Agora, compartilho com vocês:


MEMÓRIA



Infância tem aquele cheiro de plástico das miniaturas das personagens de desenho animado com diversos instrumentos musicais enfileirados sobre o tampo de vidro da mesa de centro – a minha banda... ou o primeiro sonho. Tem cheiro da madeira do violão do meu tio, domingo de tarde, tocando “Teatro de vampiros” e “Metal contra as nuvens”, pra mim. Tem cheiro de terra remexida e de grama no quintal, lá fora, sendo arrancada por meu irmão cantando Legião Urbana com sua voz igualmente grave, entrando pela janela. Tem o cheiro das lágrimas do mesmo irmão derramadas pela morte do seu ídolo máximo: Renato Russo. Tem cheiro de "Catavento e Girassol". E de muito mais que isso.

* * *

Quando, às 20h12 tocou o terceiro sinal grave, duro e áspero como a sensação da pele rasgando no asfalto, eu tremia e, sem perceber, uma nuvem mais sólida que eu imaginava, emergiu. Nessa bruma eu me vi aos seis ou sete anos, na sala de casa, cantando junto com o aparelho de CD a última canção de "Verde, Anil, Cor-de-rosa, Carvão", desligando-o (o tão querido!) e trocando pelo "Catavento e o Girassol" pra sentir cada gota de feeling escoar pela melodia bossa-nova, das letras irreverentes cujo teor não entendia completamente - e nem poderia. Quando mamãe comprou o “Catavento”, ouviu e não gostou, guardou na estante "tenho, mas não ouço" e eu tirei de lá porque aquilo havia, de algum modo, me tocado.

Prossigamos.




LEILA U LEGIÃO


Comprei o ingresso cegamente sem saber qual era o show

(importante era ser Leila Pinheiro), mas descobri dias antes que seria uma homenagem ao Renato Russo. Em Brasília?Em Brasília. Ótimo.

Quandopercebi que seria uma cantora de MPB interpretando clássicos do rock oitentista, da Legião, suspirei um tanto desesperançosa. O conceito pré foi de que seria uma atmosfera azul, com ritmo gotejante que impediria o público sedento por acompanhar as canções conhecidas; que seria algo para a artista - e apenas ela - se deleitar. Esse conceito vem de longa data, porque se repetiram váaarias vezes, nos meus vinte anos. O primeiro detalhe do “Meu Segredo Mais Sincero” da cantora, compositora e instrumentista Leila Pinheiro é a sua inovação nesse quesito: com os diferentes arranjos de Claudio Faria, cada canção torna-se outra, e, ao mesmo tempo, permanece reconhecível, encorpada; cada palavra proferida com a forte essência nos trejeitos de Leila transborda sensações. Imensas sensações, imensas.


MEU SEGREDO MAIS SINCERO


Finalmente, apagaram as luzes da platéia. Claudio Faria (teclados, violão e voz), Maurício Oliveira (Contrabaixo e voz), Allen Pontes (Bateria) e Webster Santos (Guitarra e violão) entraram no palco nevoento sob a iluminação azulada e então começou a projeção difusa, em preto e branco, ao som de Renato Russo. Súbito arrepio. E, numa explosão de expectativas, a cantora entra, e começa “Ainda é cedo”. Era difícil não cantar junto, não mover o corpo acompanhando aquelas imagens, a vibração cúmplice entre o público a cantora, sua banda e aquelas canções tão significativas.

Quando começaram os acordes de “Há tempos”, era impossível acreditar naquela bela interpretação que unia um aparência particular groove/blues/bossa-nova e um clássico numa química apaixonante, agora, banhada em luz laranja e azul.

Índios”, “Teatro de Vampiros” e “Geração Coca-Cola”, lambidas em luz amarela, laranja e azul ondulante, foram o início da visão plena da cumplicidade do público cujo mar de sussurros se fazia ouvir como um cantar. Nessas cações, Leila pareceu tão íntima daquelas palavras, como se houvesse bebido letra a letra com imenso prazer. “Geração Coca-Cola”, na minha memória era a época em que ganhei o primeiro violão e tocava Legião numa rodinha e ensaiava com outras melodias e letras punk criadas por nós, três garotas “legionárias”. Mais ou menos na mesma época, chegaram até mim um exemplar do primeiro vinil lançado pela Legião autografado pelos Renatos (Russo e Rocha) e o vinil “Dois” (meus tesouros).

Mais uma vez, a introdução da música despertou minha curiosidade, mas a então veio Pinheiro modulando com uma pitada de aridez e a guitarra despejou “Daniel na Cova dos Leões”. Tão logo a época em que lemos “Renato Russo de A a Z” e descobrimos o que era o “gosto amargo no corpo”descrito na composição. E descobrimos muitas coisas mais. E fomos crescendo, crescendo e desenvolvendo.

Quando a próxima canção começou veio aquele arrepio: um enérgico e emocionante dueto com Renato Russo em italiano “La Solitude”. Mais tarde, vem a animadíssima “Cherish”, o dançante cover de Madonna.

Outro destaque foi a versão de bossa-nova para “Eduardo e Monica”. Nela, Leila (que dá o ritmo com violão) e Maurício (que salpica uma levada groove), dividem os vocais, como as personagens da música numa suavidade apaixonante.

Em vários momentos como “Pais e filhos”, “Hoje” e “Mais uma vez” alguns componentes da banda saem e cria-se um foco sonoro, muitas vezes com a intérprete assumindo o piano ou teclado, digitando cada acorde num visível êxtase.

Que país é esse”, “Tempo perdido” e “Será” fizeram todos cantarem com força, em uníssono, e, no fim, aplaudirem de pé, clamando pelo “bis”. Ora, voltaram e tocaram novamente “Geração Coca-cola” e “Há tempos”, para o público de pé, cantando, acompanhando o ritmo com palmas e dançando, então o público saiu extasiado, cantando e levando pra casa um enorme encanto como quem tolhe flores num campo.

Quem “pagou pra ver” pensando que haveria repetição do azul gotejante, se surpreendeu!Cantou, dançou e se emocionou enormemente. Cada arranjo cuidadosamente trabalhado com efeitos ora de música eletrônica, ora de orquestra parecia um espaço confortável que a cada um dos músicos exibia espontaneidade em seus sorrisos e olhares, satisfação em cada gesto, movimentação e dança. Resumindo: o show é como a revelação sutil de um segredo tão seu (ou meu) de forma espontânea, descontraída e amável; A extração de um dos Meus/seus/dela Segredo Mais Sincero.

Obrigada aos amigos Rodrigo e Suzana.












TEATRO DA CAIXA

SBS QUADRA 04, LOTE ¾

ANEXO AO EDIFICIO MATRIZ DA CAIXA.

Leila Pinheiro: Meu segredo mais sincero.

Dias 23 a 25 de abril de 2010.

Ingressos à R$20 e R$10.


Sítio oficial da Leila:

http://www2.uol.com.br/leilapinheiro


(Eu e a Leila Pinheiro)



segunda-feira, 1 de março de 2010

Libellus

Depois de tanto tempo sem nos vermos, quando voltamos a nos encontrar, seremos apenas esboços do que éramos.Do que conhecíamos. Não sei, se é bom ou mal, realmente não sei. Sei apenas o que é, ou o que será.

A estreita linha da memória nos perseguirá eternamente, não creio que exista algo que seja capaz de apagar. Mas esboços podem se deteriorar, ou se perder pelas mudanças. Você diz que não e eu digo o mesmo. Engraçado. No mesmo instante telepaticamente perfeito sem planejar, sempre dá tudo certo. Até mesmo nós, nossas vicissitudes, dormencias e a distância. E a distância. De nós mesmos.

Para T.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sobre a procrastinação

procrastinar -
(latim procrastino, -are)

v. tr.

1. Diferir de dia em dia ou deixar para depois. = adiar, postergar, protrairantecipar

v. intr.

2. Usar de delongas. = delongar, demorar, postergarabreviar, acelerar, despachar-se


“Quanto tempo sem escrever! Mas o tempo de descanso dessa terra deve ser respeitado. Então, espere. Tempo de plantar, tempo de colher. Complacência, humildade e resignação na medida certa. Sim, é difícil…mas, em determinada hora, ele pede pra desabrochar na tela , no papel ou no que possa se estender como memória além da essência e da carne. Pede pra fluir, preenche toda e cada célula, carrega num profundo fluxo e influxo simultâneo … o que você faz¿”

Todo o conteúdo óbvio, aparentemente simples, prático e lógico é, por demais, o contrário do que aparenta. Explico: Sabemos que fazer tarefas desgastantes o quanto antes reduz o peso aparente. Mas por que então, negligenciamos¿

A bola de neve cresce, mas diferente de gráficos, não reduz.Cada vez mais, adiamos o desagradável, e, apreendendo/aceitando as consequiencias, passamos a procrastinar, também, o que mais gostamos.

Daqui a pouco, não há mais concentração, centralização sequer ao que outrora fora “você” ou “sua vida”.

Sim!É muito óbvio, e você, claro, sabe tudo isso. Mas pergunto: E a aplicabilidade¿Certamente, será total se sua mente e coração estão tranquilos em EQUILIBRIO… mas isso é utopia, não¿Mas é esse o ponto-chave.

Agora diga:qualquer equação monstruosa, complicada e capetosa não é mais facilmente aplicável¿

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Que não convem.


A sós, de pés descalços.

e o que diz - melhor - balbucia

são mentiras.


e por que dói?

simples:

o universo está exposto

e ele não lhe pertence


jamais pertenceu

mas agora se expõe


a Navalha executa o seu papel

fielmente

justamente


e cumpre-se a promessa, como há de ser.

Com a rocha não se pode contar, porque ela explode.

Calcária, meia e oculta.


Murro na ponta da faca

despir-se da fala

e o que quer que faça


dane-se;

cumpra-se;


e se esvai...


Seus desejos?Não têm pressa.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A Ilha.

Siga pelo caminho das trevas.
Um passo. E logo logo, outro e outro.
Não é justo.
Não é justo neste lugar o que sente nos outros.
No outro.
Aquele lugar.

Solidão.

Mas sem culpados.
É díficil.

Mostre o quanto cresceu.
Olhe para os lados.
Seja forte.
Mais uma vez. Seja forte.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Odisséia de viver

O fim da linha não é o fim da linha. E isso não é o pior.

Você pensa que aquela árvore no fim é a privação. Pensa que o caminho foi todo certo, que não há o que reparar. Talvez esteja errada. Talvez não.

prometa.

Estamos sempre obrigados a fazer alguma coisa.
- Mas...você é tão arredia.
Sempre as leis, as regras, malditas regras que não infrige.

[tola]

privações.

Vão achar que. Vão achar o quê?Como se importasse.
Eles acham muitas coisas, na verdade. Muitas coisas que apenas caem no chão e se decompõem. Muitas. Todas, mentiras, aliás.

promessa.

Falidos os ideais, e restam cinzas. Cinzas varridas para sempre...até que os ventos do mundo redondo os tragam de volta. Não para assombrar.

assombrados.
reais.

domingo, 8 de novembro de 2009

Às portas da maioridade

"Maus, para a esquerda!" mandará um dia o Juiz,

"E vós, Cordeirinhos, ficareis aqui à direita!"

Muito bem! Mas há uma coisa a esperar ainda dele; então dirá:

"A vós, Sensatos, quero-vos mesmo em frente!"

Epigrama - Johann von Göethe (Veneza, 1790)


Olá!Seja bem vindo ao mundo real. Nele as coisas não são como sempre foram. Você está na área que delimita um fim, uma morte. Calma, aqui quem morre é uma parte de você, um aspecto que deve abandonar para que possa prosseguir. Venha comigo que mostrarei o caminho. Onde mesmo eu estava?Ah sim, lembrei. O mundo real é aquele que costumam chamar de cão. Talvez seja, mas não é impossível que não seja. Confesso a você que jamais entendi o real significado da expressão “mundo cão”.

Gostaria de falar um pouco mais sobre a sua nova vida, pode ser?Hum, que bom. Aqui as coisas não são fáceis, como bem disse antes. Você está sozinha, tem que correr em busca dos seus objetivos e, caso não tenha, traçá-los por si mesma. Aqui você não passa de um número e, sinto dizer, você pode ser reconhecida por dois caminhos: dinheiro ou currículo. Ninguém hesitará em fechar as portas pra você. Não pense que é especial ou que será beneficiada porque alguém que conhece seu esforço e talento e confia na sua capacidade fará algo para ajudar.

A idéia é que siga o seu instinto, como os demais animais. Ah, não esqueça que é um animal como qualquer outro nessa selva de pedra e que faz parte da massa. Tudo irá conspirar para que nasça e morra sendo mais uma indigente em meio à massa sem voz e desqualificada que vira exército de reserva (mão de obra barata) submetida a trabalhos exaustivos, recebendo salários irrisórios e vivendo uma merda de vida. E quem está na merda está porque cavou ou sucumbiu e, não estando contente, puxa quem está na borda. Lembre-se disso sempre. Faça a diferença, lute pela sua felicidade e realizações. Quando estiver insuportável, chore. Quando não tiver jeito, chore. Quando estiver sem forças, mentalize a armadura e empunhe a espada. Você está numa guerra. Faça tudo o que for impossível para sobreviver... Mas pense, não dê espaço para o Desespero se alojar. Aprenda apenas a arquitetar e a manter-se firme, sempre sempre, nesse mundo injusto. Aliás,não injusto, real, impessoal e individualista.Injustiça é pra fracassados.Acredito que não seja o seu caso. Bem, agora vá e desbrave o mundo por si mesma. Você cresceu e ninguém mais fará nada por você. Nunca, ouviu? Nada de fraquezas, nada de material colorido ou de livros encapados. Nada de tudo que fazia parte da sua realidade ilusória, tanto quanto as Barbies aposentadas em alguma parte do seu quarto ou da sua mente. E isso é só.



[Originalmente publicado em LÓGICAS EMOCIONAIS em 11 de fev. 2008.]