terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Que não convem.


A sós, de pés descalços.

e o que diz - melhor - balbucia

são mentiras.


e por que dói?

simples:

o universo está exposto

e ele não lhe pertence


jamais pertenceu

mas agora se expõe


a Navalha executa o seu papel

fielmente

justamente


e cumpre-se a promessa, como há de ser.

Com a rocha não se pode contar, porque ela explode.

Calcária, meia e oculta.


Murro na ponta da faca

despir-se da fala

e o que quer que faça


dane-se;

cumpra-se;


e se esvai...


Seus desejos?Não têm pressa.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A Ilha.

Siga pelo caminho das trevas.
Um passo. E logo logo, outro e outro.
Não é justo.
Não é justo neste lugar o que sente nos outros.
No outro.
Aquele lugar.

Solidão.

Mas sem culpados.
É díficil.

Mostre o quanto cresceu.
Olhe para os lados.
Seja forte.
Mais uma vez. Seja forte.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Odisséia de viver

O fim da linha não é o fim da linha. E isso não é o pior.

Você pensa que aquela árvore no fim é a privação. Pensa que o caminho foi todo certo, que não há o que reparar. Talvez esteja errada. Talvez não.

prometa.

Estamos sempre obrigados a fazer alguma coisa.
- Mas...você é tão arredia.
Sempre as leis, as regras, malditas regras que não infrige.

[tola]

privações.

Vão achar que. Vão achar o quê?Como se importasse.
Eles acham muitas coisas, na verdade. Muitas coisas que apenas caem no chão e se decompõem. Muitas. Todas, mentiras, aliás.

promessa.

Falidos os ideais, e restam cinzas. Cinzas varridas para sempre...até que os ventos do mundo redondo os tragam de volta. Não para assombrar.

assombrados.
reais.

domingo, 8 de novembro de 2009

Às portas da maioridade

"Maus, para a esquerda!" mandará um dia o Juiz,

"E vós, Cordeirinhos, ficareis aqui à direita!"

Muito bem! Mas há uma coisa a esperar ainda dele; então dirá:

"A vós, Sensatos, quero-vos mesmo em frente!"

Epigrama - Johann von Göethe (Veneza, 1790)


Olá!Seja bem vindo ao mundo real. Nele as coisas não são como sempre foram. Você está na área que delimita um fim, uma morte. Calma, aqui quem morre é uma parte de você, um aspecto que deve abandonar para que possa prosseguir. Venha comigo que mostrarei o caminho. Onde mesmo eu estava?Ah sim, lembrei. O mundo real é aquele que costumam chamar de cão. Talvez seja, mas não é impossível que não seja. Confesso a você que jamais entendi o real significado da expressão “mundo cão”.

Gostaria de falar um pouco mais sobre a sua nova vida, pode ser?Hum, que bom. Aqui as coisas não são fáceis, como bem disse antes. Você está sozinha, tem que correr em busca dos seus objetivos e, caso não tenha, traçá-los por si mesma. Aqui você não passa de um número e, sinto dizer, você pode ser reconhecida por dois caminhos: dinheiro ou currículo. Ninguém hesitará em fechar as portas pra você. Não pense que é especial ou que será beneficiada porque alguém que conhece seu esforço e talento e confia na sua capacidade fará algo para ajudar.

A idéia é que siga o seu instinto, como os demais animais. Ah, não esqueça que é um animal como qualquer outro nessa selva de pedra e que faz parte da massa. Tudo irá conspirar para que nasça e morra sendo mais uma indigente em meio à massa sem voz e desqualificada que vira exército de reserva (mão de obra barata) submetida a trabalhos exaustivos, recebendo salários irrisórios e vivendo uma merda de vida. E quem está na merda está porque cavou ou sucumbiu e, não estando contente, puxa quem está na borda. Lembre-se disso sempre. Faça a diferença, lute pela sua felicidade e realizações. Quando estiver insuportável, chore. Quando não tiver jeito, chore. Quando estiver sem forças, mentalize a armadura e empunhe a espada. Você está numa guerra. Faça tudo o que for impossível para sobreviver... Mas pense, não dê espaço para o Desespero se alojar. Aprenda apenas a arquitetar e a manter-se firme, sempre sempre, nesse mundo injusto. Aliás,não injusto, real, impessoal e individualista.Injustiça é pra fracassados.Acredito que não seja o seu caso. Bem, agora vá e desbrave o mundo por si mesma. Você cresceu e ninguém mais fará nada por você. Nunca, ouviu? Nada de fraquezas, nada de material colorido ou de livros encapados. Nada de tudo que fazia parte da sua realidade ilusória, tanto quanto as Barbies aposentadas em alguma parte do seu quarto ou da sua mente. E isso é só.



[Originalmente publicado em LÓGICAS EMOCIONAIS em 11 de fev. 2008.]

domingo, 1 de novembro de 2009

A traição das imagens


"Isso não é um cachimbo"
(René Magritte)

As coisas, nem sempre, são o que parecem ser. Na verdade, acho que o contrário é bem mais improvável. Abrir os olhos. Apenas isso.




sábado, 8 de agosto de 2009

Preguiça absurdamente intimista


Imagem: Pedra de Rosetta


Preguiça de tirar o pijama no final da manhã. Preguiça de gente, das mesmas perguntas, dramas e falatórios. Preguiça de responder, de ouvir. Preguiça dos homens, preguiça de ser jovem. Preguiça de lutar por causas. Preguiça dos conceitos talhados em pedra sobre você, conselhos repetidos que buscam travar luta, mas não, não é o que estou disposta a dar. Estou farta, cansada de ver o meu sangue deslanchando por vossos pés sagrados. Estou cansada e farta dos olhares, da presença e do existir. Porque tudo isso me dá preguiça.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Que mudou em mim.

Não.
(menti)

Sabendo que, no fundo,
tem um pouco de Amèlie.


terça-feira, 19 de maio de 2009

Daqueles belos dias. Completos. Ou quase.


Há os textos que nos remetem à praia.
Aliás, à sua contemplação, ó mar.
Mas aqui temos cafés e com quem possamos conversar.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Eu sei

À Lux da sabedoria:

"
olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengivas"

[Ana Cristina César]

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O Sol é estorvo e culpa a Lua.
Mas ambas as coisas não passam de fantasmas, expectros que consomem
e despertam aquele tipo vil de paixão.

Conhecer:
-aprenda a lidar com isso.
-aprenda a não TORNAR-SE isso.

Liberdade advém disso:
Não que seja fácil ou justo
A questão é: caia!solte os agudos!

A dor faz parte, que madeira não sofre pra ser lapidada?
O silêncio tão belo se faz ouvir:
límpido e sereno até brotar como secreção arrancada

incolor, áspera e amarga como fel;
multicor: rente e deslisante como mel;
Punhal que fere a si mesmo, cobrança terrível:

o horror que despe e esfola os pés descalços
amor é flor que cura.
Será que ignorar adianta?

Eu sei, sei que não
que a resposta é sempre não
pra isso, para o que reje todo o "isso".

Pouco a pouco descubro
que viver é incômodo, árduo e injusto
Mas pior é o forte - tolo - que se deixa afetar por isso.

Porque é fraco o que se diz forte
e forte o que se sente fraco.
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E no fim, a descoberta:

"Je suis la fille du vent

Qui traverse les montagnes
Je tourmente les passants
En faisant voler les pagnes
Je défie tous les courants
Toutes les stars de cocagne
Qui passent en rêvant
De platine et de champagne"

[Olivia Ruiz]

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Simplório

"Sejamos sempre simples e nunca simplórios"
(Angel)

É um horizonte, tão proscrito quanto realizado.
É um odor lascerantemente doce:
E, com o mesmo esplendor, pode ser tanto quanto tão pouco.
Uma noite vã, sem café e nada mais que a mente, a translúcida mente. A criatividade faz crer que tudo dá certo. E dá. Ou não. Ou não?
Então a mochila está pesada, e as narinas tragam um odor amargo demais, inconcebível. Mas não há nada - nunca há nada.

Que curioso.
(e estranho!)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Procrastinação


Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda. Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda. Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda. Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda. Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda. Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda. Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda. Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda. Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda. Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda. Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.Merda.